terça-feira, 18 de agosto de 2015

Lutadores precisam de um programa de preparação psicológica?

Lutadores precisam de um programa de preparação psicológica?



Posso afirmar que SIM. Mas se você enquanto atleta de combate nunca sentiu algum tipo de pressão, ansiedade, medo, raiva, insegurança, insonia, humor depressivo em caso de lesão, ou mesmo não considera a preparação psicológica importante para sua vida pessoal. Aí sim, talvez, sua resposta possa ser um não





Com a expansão crescente do MMA (Mixed Martial Arts) pelo mundo, houve um aumento de praticantes de artes marciais se profissionalizando e alimentando o sonho de se tornar um lutador do maior evento de MMA da atualidade. O nível técnico/tático, físico e psicológico nesses eventos, tem exigido dos atletas um "Camp" (equipe e período de preparação para a luta) cada vez mais complexo e envolvendo diversos profissionais. Além de um bom treinador o atleta precisa do trabalho interdisciplinar de uma equipe de profissionais, visando todo o suporte necessário para o seu máximo rendimento. Infelizmente, não raro são as vezes em que a preparação do atleta prioriza o treinamento físico e técnico/tático em detrimento do treinamento psicológico. Sendo assim corre-se o risco de termos um atleta com um rendimento "insano" nos treinos, mas que na hora da luta não consegue apresentar o mesmo desempenho. Entre os vários fatores que podem levar o atleta a ter um rendimento insatisfatório, os fatores psicológicos tem sido apontados por pesquisadores como Weinberg e Gould (2008) como um dos principais causadores de flutuações no desempenho esportivo dos atletas.





A psicologia do esporte e do exercício pode contribuir de maneira significativa para melhorar o desempenho dos atletas de combate. As artes marciais trazem em seu bojo filosófico elementos que podem ser facilitadores na preparação psicológica, favorecendo assim a implementação de práticas de treinamento psicológico. Na filosofia das artes marciais algumas características como a capacidade de concentração, disciplina, respeito mútuo, entre outras. São características constantemente enaltecidas como elementos necessários aos praticantes. Dessa forma o psicólogo do esporte pode utilizar a filosofia das artes marciais a seu favor na hora de elaborar as melhores estratégias para implementar o treinamento psicológico entre os atletas.





A constante cobrança por resultados positivos e a ameça de risco de corte dos eventos geram níveis elevados de ansiedade e obrigação de vitória. O atleta que não consegue caminhar sobre essa "corda-bamba" tem uma grande probabilidade de comprometer o seu ren
dimento. O objetivo da psicologia do esporte não é fazer com que o atleta não sinta essas emoções, pelo contrário é importante que ele as sinta e saiba identificá-las. O que ele precisa é desenvolver as ferramentas necessárias para lidar com essas situações inerentes das competições. Saber gerenciar seus medos, encontrar seu nível ideal de ativação para competir, controlar a ansiedade pré-competição, administrar o monólogo interno advindo do grande esforço físico que diz para parar quando devemos continuar, enfim conseguir aproveitar ao máximo esse momento para o qual tanto se preparou. A psicologia do esporte e do exercício conta com uma metodologia científica, sendo assim de forma educativa, busca-se desenvolver junto com o atleta e equipe as habilidades psicológicas necessárias em seus treinos e competições.

Referencias
WEINBERG, R.S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do 
Esporte e do Exercício. Porto Alegre: Artmed, 2008.




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